domingo, 31 de agosto de 2014

Olhar para a porta

Todos os anos desde 2009, Abril me deixa nostálgica. Pensar que histórias são contadas e não acabadas me deixam com aquela breve sensação de "sei lá". Gosto de saber que guardo tantas lembranças desde a primeira semana de aula.. a minha primeira amiguinha da 5° série dizendo: "tem um menino muito gato na sala rs", naquela época não se falava assim é claro, mas me lembro de alguma frase que significava isso rs. Não tinha visto o tal "menino" nos dias seguintes até que ele resolveu aparecer. Briguei com a amiguinha rs, e adivinha? fui parar do lado dele! Não me lembro se foi de proposito ou se foi sem querer mesmo rs..
Foi um longo ano..
Me lembro de caprichar na letra das atividades de português afinal com 11 anos é uma das maneiras que usava-se pra impressionar um garoto rs. Na 5° série eu era uma aluna bem aplicada diferente de hoje.. eu não costumava ficar nos corredores conversando, mas o menino bonito sim! kk. Então eu me sentava na carteira e sempre via ele atravessar a porta.
Enfim viramos amigos... E mp3 era a descoberta do século então sentávamos juntos e escutávamos rádio FM, não me lembro a estação, mas não importava, quando se é pequena não se quer muita coisa além de estar perto de quem a gente gosta!
Falávamos das menininhas que ele ficava, e das brigas que qualquer mlk arruma nos primeiros anos da escola, a gente falava das brigas das meninas também rs e das fofocas que eu as vezes, repito "as vezes" me metia.. kk
Depois que as coisas começaram a mudar, o vi poucas vezes. Teve uma! que todas as vezes que passo pelas escadas do João Carlos e subo uma pequena rampa que da acesso ao patio me lembro. E é quase inevitável não parar por um minuto e sentir meu coração mais apertado!
Por mais de um ano eu olhei pra porta da sala com a esperança de vê-lo atravessa-la, igualzinho na 5° série.. A verdade é que olhei ainda por muito tempo depois!
A gente imagina que depois de um tempo passa, E até superamos e esses hábitos vão ficando raros, mas de vez em quando eles aparecem, e sabe.. já não se sente mais dor, vem aquele sorriso! de saber que ele permanece tão vivo, tão intacto, tão Léo. As calças largas, o boné, o jeito de brincar e falar que infelizmente já não são tão nítidos na minha memória.. mas estão lá. Eu devia ter feito muita coisa que não fiz, devia ter dito muito mais, sei que eramos pequenos, e a verdade é que hoje eu sei que eu não precisava dizer mesmo.. Sei que sabia!
Escrever tudo isso deixa a gente com o coração muito pequenininho, mas é assim.. passamos apenas a lembrar com alegria de todos esses momentos, e não dos " e se .." , "e se ..". Lembrar de cada detalhe, de cada coisa que antes passava despercebida, e vamos guardando tudo o que é possível, esse é o tipo de coisa que vamos ter 100 anos e ainda vamos olhar para a porta as vezes rs, vamos tentar lembrar da voz, e vamos parar nos lugares e reviver..
Sinto sua falta! Eu não precisava e nem preciso dizer o quanto foi importante e especial pra mim.. eu sei que você já escutou e ainda escuta do céu, as nossas histórias.

Amadurecer dói

Ouvi uma vez, que amadurecer dói. E é verdade, chega uma idade em que queremos carregar o mundo nas mãos, nos apressamos em realizar nossos objetivos quase que desesperadamente. Saímos de casa as seis da manhã e voltamos as onze da noite, corremos do ônibus ao metro, do metro ao ônibus. Sem contar a vida amorosa, que quase sempre é um amontoado de pensamentos e confusões. Somos meninas, cobradas pela vida a sermos Mulheres.
Mulheres que andam com meia de dedinho a noite pela casa. Mulheres que se equilibram na ponta da calçada. Que compram chocolate quando estão tristes. Mulheres que se pegam assistindo filmes da Disney as vezes. Mulheres que se escondem no quarto quando esta tudo muito difícil.
E sabe? Não há mal nisso. Sempre seremos grandes meninas por trás das nossas responsabilidades, por trás da foto da carta de habilitação sempre tará uma menininha que se aconchega nas almofadas do sofá pra assistir programas de faixa etária de dez anos. Amadurecer é doloroso sim, mas deixar-se crescer demais também.